ISO de inovação já foi adotada por mais de 150 empresas

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Teo Scalioni
Teo Scalioni
Mestre em Administração pela Universidade FUMEC. Tese defendida em 28/02/2011 Título: Parceiras de uma empresa de venture capital: impactos nas dinâmicas operacionais de pequenas e médias empresas de base tecnológica. Formado em Comunicação Social - Jornalismo em 2003. Bolsista Pesquisador da Fundação de Amparo a Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) de 2009 a 2011. professor e Gestor de Inovação da Faculdade Arnaldo, idealizador do Acelera Arnaldo, programa que estimula startups de alunos a chegarem no mercado. Empreendedor digital - Co-founder do portal Tempo de Inovação. Palestra "Inovação e Empreendedorismo Digital " na Faculdade Promove de Sete Lagoas Professor Universitário nas Faculdade. Professor Universitário: disciplina: Startups: Negócios Contemporâneos, Estrutura e Processos Organizacionais e Jogos Empresariais

A inovação é uma demanda latente nos dias de hoje. Contudo, diante de um contexto de grandes e rápidas transformações aliadas às tecnologias exponenciais, as empresas se sentem completamente perdidas sobre como manterem o negócio atraente e lucrativo em um ambiente de tanta volatilidade. Por isso, foi lançada, a ISO 56.002, de gestão da inovação, na qual a PALAS, consultoria de inovação e gestão, despontou como pioneira em seu processo de formatação e implementação. Em pouco mais de um ano, a norma já foi adotada por mais de 150 empresas em todo o mundo – quatro só no Brasil. A maior delas é a AirBus, uma das maiores empresas do mundo, do setor aeronáutico, com mais de 150 mil funcionários.

Fundada em 1947, com o intuito de ajudar na reconstrução das empresas devastadas pela Segunda Guerra Mundial, a ISO – Organização Internacional de Padronização, é uma instituição sem fins lucrativos sediada em Genebra, na Suíça. Ancorada nos princípios da isonomia (que em grego significa igualdade), a organização possui mais de 22 mil normas técnicas, sendo mais de 180 normas de sistema de gestão que visam o estabelecimento de padrões mundiais para a gestão de negócios. Com 164 países-membro, a ISO consolidou-se como uma das mais importantes referências internacionaisno que tange a normatização e modelos de gestão.

A formatação – De posse de toda essa credibilidade e know how, em 2013, a ISO criou um grupo de estudos internacional, o ISO TC-279, a fim de mapear as melhores práticas de inovação de todos os países-membro. Ao longo desses anos, muitos países colaboraram ativamente, como foi o caso da França, Canadá, Portugal, Rússia, Espanha, Inglaterra e o próprio Brasil, que contribuiu com a norma ABNT/16.501/2011. Por aqui, o processo de compartilhamento de conhecimentos aconteceu por meio do grupo ABNT/CEE-130, que contou com a presença de Alexandre Pierro, sócio-fundador da PALAS.

Até o momento, já são nove normas que englobam o sistema de gestão da inovação. A ISO 56.000 é a norma que determina vocabulários e fundamentos. A ISO 56.002 é a norma que passa as diretrizes para implementar o sistema de gestão e é a única que é certificável via atestado de conformidade.

Além dela, existem ainda ISO 56.003, que auxilia as empresas através das ferramentas e métodos de inovação; a ISO 56.004, encarregada do assessment; a ISO 56.005, de ferramentas e métodos para gestão da propriedade intelectual; a 56.006, de ferramentas e métodos para a gestão da inteligência estratégica; 56.007, de gestão de ideias; 56.008, de ferramentas e métodos para medição da performance do sistema de gestão; e a 56.009, que é um guia prático para inovação.

Embora nem todas já estejam publicadas e não exista nenhuma com versão em português, as normas tem sido amplamente procuradas por empresas de diversos portes e segmentos na busca por uma melhor gestão da inovação. “Temos quase 100 empresas no Brasil buscando entender a aplicabilidade e os benefícios do sistema de gestão da inovação da ISO. Isso demonstra que o Brasil está antenado às melhores práticas de gestão da inovação no mundo”, explica Pierro.

Princípios – Baseada em oito pilares – direção estratégica, abordagem por processos, realização de valor, liderança com foco no futuro, cultura colaborativa, adaptabilidade e resiliência, gestão de incertezas e gestão de insights – a ISO 56.002 defende que uma inovação pode ser um produto, serviço, processo, modelo, método ou a combinação de qualquer uma delas. Contudo, o conceito de inovação é caracterizado por novidade e valor. Em suma, isso significa que ideias sem a manifestação de valor não são inovações e sim invenções.

A terminologia da norma principal com o número dois é um indício de que ela é uma norma de diretrizes e não de requisitos. Ou seja, ela aponta caminhos, mas entende que não há uma receita única para todas as empresas. “Inovação é um campo de estudos muito amplo, vasto e complexo. A ISO entendeu que o que funciona em uma empresa, pode não funcionar em outra. Por isso, além de entender profundamente todas essas normas, os profissionais envolvidos no processo de implementação devem ter um profundo conhecimento sobre metodologias e ferramentas de inovação para conquistar resultados realmente efetivos”, defende Pierro.

O processo de certificação, via atestado de conformidade, é simples. A ISO 56.002 pode ser implementada em empresas de todos os portes e segmentos. É possível fazer a implementação em um único departamento ou na empresa como um todo. Há ainda casos de implementação em várias unidades ao mesmo tempo, inclusive em países diferentes, no caso de multinacionais. O primeiro passo é a realização de um assessment, que avalia qual é o nível de aderência de uma empresa em relação aos pilares da norma. Depois disso, inicia-se o processo de implementação, que leva de quatro a oito meses, dependendo do nível de complexidade e da maturidade da empresa em relação ao tema. Quando o sistema de gestão fica pronto, uma certificadora faz a auditoria de certificação, que, se aprovada, emite o atestado de conformidade da ISO 56.002.

No Brasil – No total, quatro empresas brasileiras já adotaram a ISO 56.002. A primeira foi a MZF4, indústria de transformação do ramo de nylon localizada na capital paulista. Na mesma época, a CSI Locações, empresa de locação de equipamentos de Fortaleza, no Ceará, também conquistou o atestado de conformidade nessa norma.

A terceira empresa foi a PALAS, que decidiu experimentar esse modelo de gestão em seus próprios processos. “Mesmo sendo especialistas em inovação e tendo participado da formatação da norma, notamos muitos ganhos ao realizar a nossa própria implementação, como por exemplo, a definição de metas e a melhor gestão dos riscos do negócio”, destaca Pierro.

A empresa mais recente, que fechou o ciclo do primeiro ano de publicação da ISO 56.002, que foi publicada em julho de 2019, foi a Atento, uma das maiores empregadoras do Brasil, multinacional do ramo de contact center. “Hoje, podemos dizer que inovação faz parte de nossa cultura e está entre as principais prioridades de investimento da empresa, com objetivo de aprimorar nossa oferta e trazer os melhores resultados para os nossos clientes”, destaca Maurício Castro, diretor da empresa.

Muito em breve, mais uma empresa receberá o atestado de conformidade nessa norma. Dessa vez, no ramo de tecnologia. E, ao que tudo indica, em 2021, serão muitas outras, já que há muitas empresas interessadas na implementação. Os benefícios são enormes. “Além de se tornar uma referência em inovação, a maior vantagem do processo de implementação dessa norma é transformar ideias em resultados. Infelizmente, vemos muitas empresas gerarem ótimas ideias, mas que, por falta de processos, acabam nunca saindo do papel. Com a ISO 56.002, as ideias são levadas à sério. Colocamos a criatividade para emitir nota fiscal”, enfatiza Pierro.