Empresas de TI abrem mais oportunidades para quem não tem experiência

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Teo Scalioni
Teo Scalioni
Mestre em Administração pela Universidade FUMEC. Tese defendida em 28/02/2011 Título: Parceiras de uma empresa de venture capital: impactos nas dinâmicas operacionais de pequenas e médias empresas de base tecnológica. Formado em Comunicação Social - Jornalismo em 2003. Bolsista Pesquisador da Fundação de Amparo a Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) de 2009 a 2011. professor e Gestor de Inovação da Faculdade Arnaldo, idealizador do Acelera Arnaldo, programa que estimula startups de alunos a chegarem no mercado. Empreendedor digital - Co-founder do portal Tempo de Inovação. Palestra "Inovação e Empreendedorismo Digital " na Faculdade Promove de Sete Lagoas Professor Universitário nas Faculdade. Professor Universitário: disciplina: Startups: Negócios Contemporâneos, Estrutura e Processos Organizacionais e Jogos Empresariais

O descompasso entre a demanda e a disponibilidade de profissionais de TI no mercado se agravou na pandemia, com o aquecimento do setor de tecnologia. A abertura de vagas para desenvolvedores e cientistas de dados – duas das ocupações mais recorrentes na área – cresceu 185% no primeiro semestre de 2021 em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo a GeekHunter – marketplace especializado em recrutamento de profissionais de TI. Até 2030, o déficit de mão de obra no setor deve passar de 1 milhão de pessoas no Brasil, alerta a consultoria  global McKinsey. Essa realidade atinge desde as pequenas às grandes empresas, que passaram a investir em programas internos de capacitação para abrir mais oportunidades de trabalho para quem não tem experiência.

A multinacional de hospedagem de sites e serviços para presença online HostGator, por exemplo, criou, no ano passado, o Starter, programa para colaboradores de qualquer área que querem se tornar desenvolvedores. Ao longo de seis meses, os participantes dividem o tempo entre as atividades do setor de origem e a capacitação. Se aprovados, podem migrar para a  nova área. “Com o programa, ajudamos na transição de carreira, um movimento difícil para profissionais de todas as áreas, e ainda conseguimos absorver novos talentos”, afirma Giulianna Boscardin, head de pessoas da HostGator.

Leandro Herrera, fundador e CEO da edtech Tera, observa que a maneira como os adultos se qualificam para o mercado de trabalho está em processo acelerado de disrupção e a tendência é que cada vez mais as empresas tomem a frente da capacitação. “As pessoas irão procurar transicionar de carreira ou se desenvolver para avançar profissionalmente e os métodos tradicionais de educação não darão conta”, diz Herrera. Com aulas 100% online, ao vivo e em formato bootcamp, a startup atua com cursos de Product Management, User Experience Design, Digital Marketing, Data Analytics e Data Science. Já formou mais de 6 mil estudantes e e qualifica colaboradores de mais de 200 empresas, entre elas Itaú e IFood. 

A WK Sistemas, empresa de Blumenau, referência em softwares de gestão empresarial (ERP), hoje com cerca de 200 colaboradores, também lançou, em maio deste ano, o programa de imersão para desenvolvedores #Chega++. O objetivo da iniciativa foi capacitar pessoas que já tinham alguma experiência com desenvolvimento de sistemas nas linguagens e tecnologias usadas na empresa. Os selecionados foram contratados com carteira assinada e remunerados desde o primeiro dia do curso, que durou três meses. “Encontrar profissionais qualificados nem sempre é fácil. Por isso, nós investimos em alguns programas internos de formação e todo mundo sai ganhando: o colaborador, que vira um especialista na área, e a empresa, que passa a contar com um quadro de pessoas muito mais qualificado”, comenta Cláudia Rutzen, diretora administrativa da WK. A empresa também tem um programa recorrente de estágio

Essa mudança de estratégia de contratação já reflete na plataforma de recrutamento da Geekhunter, que observou um aumento de 344% nas oportunidades para profissionais pleno, com dois a seis anos de carreira, e 173% para júnior, com até dois anos, no primeiro semestre de 2021. As vagas para desenvolvedores mais experientes, com mais de seis anos de carreira, que eram o maior foco em 2020, tiveram um aumento menor em 2021, de 131%. “Contratar perfis mais experientes é desafiador. Muitas vezes, os RHs não conseguem encontrar o profissional que precisam no tempo que esperam. A consequência disso são vagas abertas por mais tempo e projetos atrasados. Por isso, cada vez mais empresas têm mudado a forma de agir, percebendo qual profissional está aberto para as oportunidades e direcionando os esforços para ajudá-lo no desenvolvimento”, analisa Tomás Ferrari, CEO e fundador da GeekHunter.

Em SC, programa irá formar 225 desenvolvedores em seu primeiro ano

Segundo levantamento da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), estado que tem o quarto maior ecossistema do Brasil, as empresas de base tecnológica de SC estimam abrir mais de 16 mil novas vagas até 2023 – mais da metade delas para desenvolvedores. Para fortalecer a matriz de formação de profissionais lançou, em parceria com o SENAI, o DEVinHouse, um programa para formação de desenvolvedores em nove meses e com bolsas de estudo integrais. 

Empresas parceiras participam do projeto como patrocinadoras, ajudam a definir os conteúdos das aulas e se comprometem a contratar parte dos formados. Na primeira turma, a parceira foi a Softplan, uma das maiores desenvolvedoras de softwares do Brasil, que, mesmo antes da conclusão do curso, já contratou 12 alunos. A expectativa do DEVinHouse é iniciar a formação de 225 desenvolvedores neste ano. “Assim, podemos abastecer as empresas com pessoas qualificadas, gerando renda e emprego, além de fornecer talentos para organizações em qualquer lugar do mundo, por meio do trabalho remoto”, explica o presidente da ACATE, Iomani Engelmann.