Que a tecnologia chegou para mudar completamente nossas vidas ninguém mais tem dúvida. E, quando aliada à medicina, oferece cada vez mais segurança e precisão a procedimentos médicos de diversas naturezas. Na área de reprodução humana, um equipamento que acaba de ser recebido na América Latina pela clínica Origen é capaz de filmar o desenvolvimento do embrião, permitindo um acompanhamento mais minucioso e oferecendo um controle ambiental e de qualidade do material muito superior aos métodos tradicionais.
A máquina – uma incubadora de culturas desenvolvida na Austrália pela Genea Biomedix e considerada um dos timelapses mais avançados do mundo – foi adquirida via projeto de pesquisa científica desenvolvido pelo médico e professor da Universidade Federal de Minas Gerais, Selmo Geber, fundador da Origen e falecido em setembro. De acordo com a embriologista-chefe da Origen, Renata Bossi, MsC. E PhD. em reprodução humana, o aparelho permite registrar em imagens agrupadas (timelapse) todo o processo de desenvolvimento do embrião, dando mais certeza ao médico da sua qualidade.
“A incubadora expõe bem menos o embrião a mudanças de temperatura e fatores ambientais do que a técnica que é usada amplamente na atualidade. A maneira que usamos hoje é feita com muitos protocolos de segurança, claro, mas a tecnologia nos permite cada vez mais refinar esses processos básicos que fazem parte da fertilização in vitro”, diz.
O processo de fertilização in vitro é quando o embrião é ‘produzido’ no laboratório – a embriologista especialista em reprodução humana une o óvulo da mulher ao espermatozoide do homem em uma placa de cultivo, que fica em observação numa espécie de estufa. Vinte e quatro horas após essa união, é observado o desenvolvimento do embrião, que muitas vezes pode não ocorrer.
“Há uma série de fatores que podem fazer com que esse embrião não evolua. Com a incubadora nova, avaliamos esse passo a passo mais de perto e sem manipular as células tão diretamente como no método tradicional, que exige que eu retire a placa de cultivo da incubadora e leve ao microscópio. Isso dura menos de 2 minutos, mas sempre podem haver microvariações no PH, na temperatura do local, por mais que haja um controle rígido. O que esse equipamento traz é essa segurança a mais, pois não há necessidade de manusear a placa onde o embrião está sendo cultivado”, explica a embriologista.
A especialista destaca que o embrião pode ser transferido com dois, três ou cinco dias de desenvolvimento. Sendo escolhido pela equipe médica a melhor época para a transferência.
Congelamento e biópsia –
Outra vantagem observada e já registrada em anais científicos é de que a tecnologia timelapse permite à equipe de reprodução humana observar qual o momento o embrião está pronto para ser congelado (criogênese). “E nos mostra também quando há o descongelamento, o melhor momento para ser transferido para o útero. Muitas mulheres que sonham em ser mães têm adotado o congelamento de óvulos ou embriões cada vez mais cedo”, diz o médico ginecologista, diretor da Origen, Marcos Sampaio.
Segundo ele, o aparelho consegue indicar, ainda, o melhor momento para se fazer uma biópsia – quando há dúvida sobre alguma doença genética na família, por exemplo. “O aparelho consegue nos auxiliar na escolha do melhor embrião ou naquele que se apresenta com mais chances de tornar o tratamento bem-sucedido. Estudos feitos pelo fabricante indicam que o cultivo neste incubadora pode aumentar em 20% as chances de os primeiros estágios de desenvolvimento do embrião serem mais bem-sucedidos. Dessa forma, a tecnologia vem para se somar à toda expertise já adquirida pela equipe Origen, sem interferir nos valores dos tratamentos que ofertamos”, acrescenta Sampaio.
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