Populações do mundo inteiro foram impactadas pelos efeitos da pandemia. Seja no trabalho, nos espaços públicos ou em casa, foi preciso mudar a rotina e os hábitos cotidianos para se adaptar ao “novo normal” e conter a disseminação da Covid-19. Para isso, a tecnologia se mostrou ainda mais indispensável.
Todas essas mudanças impostas pela crise sanitária reforçaram um debate que já estava em curso há alguns anos no Brasil e em outros países: a necessidade de tornar as cidades e os territórios mais inteligentes, sustentáveis e com melhores condições de vida para os habitantes.
Nesta matéria, vamos falar sobre como a demanda por cidades inteligentes cresceu depois da chegada do coronavírus e de que forma a pandemia impulsionou a busca da sociedade, dos governos e do setor privado por soluções tecnológicas.
O que é uma cidade inteligente?
O conceito de smart city (como também é chamada uma cidade inteligente) caracteriza aqueles territórios que fazem uso da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) em prol da “inteligência” coletiva de seus cidadãos, das empresas e dos governos.
Esse termo também contempla aqueles municípios que têm uma visão de futuro mais moderna sobre sua gestão, sempre considerando fatores ambientais, econômicos e socialmente sustentáveis.
A União Europeia define smart cities como um sistema de pessoas que interage com a cidade, utilizando materiais, serviços, energia, entre outros recursos para catalisar o desenvolvimento econômico e melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Quando se utiliza uma infraestrutura de TIC estratégica e planejada como parte do projeto urbano de uma cidade, esses fluxos de interação passam a ser considerados inteligentes, pois dão resposta aos problemas sociais e econômicos daquela sociedade.
Apesar de ser relativamente recente — o termo começou a ser popularizado em estudos e desenvolvimentos urbanísticos na década de 1980 —, o conceito de cidade inteligente já se tornou parte fundamental na discussão sobre o desenvolvimento sustentável em áreas urbanas.
Atualmente, o foco de muitos governos e empresas é entender como uma cidade inteligente pode ser mais sustentável e criativa. E isso deve acontecer por meio do uso de tecnologia em todo o seu processo de planejamento, sempre incluindo a participação de seus habitantes.
Características de uma cidade inteligente
São muitos os fatores utilizados para definir o quão inteligente uma cidade é ou pode ser. Atualmente, o índice Cities In Motion, realizado anualmente pela IESE Business School da Espanha, é um dos mais prestigiados para fazer este tipo de mensuração.
O Cities in Motion define um ranking do nível de inteligência de uma cidade a partir do cálculo feito com base em nove indicadores:
– Capital humano: mede, entre outros fatores, o nível de acesso à educação e cultura;
– Coesão social: dimensão sociológica de cidades que pode ser definida como o grau de consenso entre membros de um grupo social sobre a percepção de pertencimento a uma situação ou a um projeto em comum;
– Economia: inclui planos locais de desenvolvimento econômico, investimento em inovação, iniciativas de empreendedorismo, planejamento industrial estratégico, entre outros;
– Governança: diretamente ligado à situação das finanças públicas de um território e como elas afetam a qualidade de vida dos cidadãos e a sustentabilidade da cidade;
– Meio ambiente: inclui mensuração da qualidade do ar e da água nas cidades, assim como o grau de sustentabilidade da produção e de que modo ele impacta na qualidade de vida dos habitantes;
– Mobilidade e transporte: medidas que avaliam como a vida dos cidadãos e a sustentabilidade de um território são afetadas pelos seus meios de transporte — incluindo infraestrutura de estradas e rodovias, frota de veículos particulares e transporte coletivo, até mesmo transporte por vias aéreas;
– Planejamento urbano: tudo que constitui os planos diretores da cidade, a criação de áreas verdes e espaços de uso público que ajudam a medir o grau de desenvolvimento da cidade e a redução da pobreza;
– Projeção internacional: em um mundo globalizado, ter uma presença privilegiada entre as principais cidades do mundo é um sinal de progresso. Este índice mede o quão reconhecida uma cidade é internacionalmente por meio de número de visitantes, aeroportos construídos, opções de hospedagem disponíveis, entre outros.
– Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC): mede como as empresas estão utilizando (ou até mesmo criando) soluções tecnológicas para melhorar a qualidade de vida das pessoas, além de serem mais sustentáveis e evoluir as condições sociais da população.
É importante frisar que aumentar o nível de inteligência de uma cidade é um trabalho constante, holístico, e que deve sempre ser atualizado, tendo em vista as necessidades da população e as estratégias para tornar o território mais inclusivo e sustentável.
Principais smart cities atualmente
O ranking de 2020 do Cities In Motion Index avaliou 174 cidades em todo o mundo para criar uma lista que leva em consideração todos os fatores mencionados acima.
O pódio foi formado por Londres, na Inglaterra, em primeiro lugar; seguida por Nova York, nos Estados Unidos; e Paris, na França, em terceiro.
Quando falamos de cidades brasileiras, São Paulo é a primeira a aparecer na lista, na 123ª posição, seguida por Rio de Janeiro (132ª), Brasília (135ª), Curitiba (138ª), Belo Horizonte (156ª) e Salvador (157ª).
Apesar do posicionamento das cidades brasileiras no ranking, não há dúvidas de que a aceleração digital nessas capitais tem se tornado cada vez mais uma das grandes prioridades de governos e empresas, principalmente depois da chegada do coronavírus.
Covid-19 e cidades inteligentes
A pandemia de Covid-19 acelerou projetos para tornar as cidades mais inteligentes em todo o planeta. As medidas de isolamento social fizeram com que a adoção de diversos hábitos se tornassem comuns no dia a dia das pessoas — e a tecnologia é fundamental neste processo.
Com poucos cliques no seu celular, por exemplo, é possível fazer qualquer coisa: pedir comida de um restaurante diferente, realizar uma consulta por meio de telemedicina, acompanhar aulas da escola ou faculdade, praticar exercícios físicos acompanhando aulas e treinos online, entre outras atividades.
Os encontros com amigos e família se tornaram virtuais, por meio de videochamadas, e até mesmo contratar um profissional para consertar algo em casa, seja instalar ar-condicionado ou arrumar o encanamento, pode ser feito rapidamente por meio de um aplicativo de contratação de serviços.
O uso extensivo da tecnologia traz um ganho positivo para a sociedade, pois a aceleração da digitalização nas esferas pública e privada contribui com a adoção de medidas que melhoram a qualidade de vida das pessoas.
Para que grandes centros urbanos possam se desenvolver de maneira saudável, a criação de estratégias de cidades inteligentes se torna cada vez mais importante. E, depois da pandemia, este cenário se mostra ainda mais possível e urgente.
A tecnologia pode auxiliar os territórios a serem mais sustentáveis, econômicos, transparentes, ágeis e funcionais. Isso traz mais oportunidades de negócio para a cidade e coloca o cidadão no centro das decisões da sociedade civil.
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