Apesar de a economia colaborativa estar se tornando uma tendência cada vez maior, a importância das cooperativas no mercado agrícola já vem de longa data. Hoje, são mais de mil e quinhentas organizações espalhadas pelo país, auxiliando trabalhadores rurais em suas produções e vendas. Dentro desse papel, as cooperativas do agronegócio também estão se envolvendo na disseminação de tecnologias e na aproximação dos pequenos e médios agricultores com uma cultura de inovação.
De acordo com uma pesquisa recente realizada pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), mais de 80% dessas organizações consideram a inovação um fator fundamental e já incluem essa temática em seus planejamentos estratégicos. Por meio da oferta de produtos, serviços e capacitação aos associados, elas apoiam a inclusão tecnológica e visam promover a melhoria dos processos produtivos.
Para isso, muitas contam com parcerias de fornecedores, como a divisão de Agricultura da Hexagon, que desenvolve soluções digitais para o campo. Atualmente, a empresa atua em parceria com três cooperativas, que fazem a comercialização de equipamentos com seus mais de 57 mil associados, gerando aumento de eficiência operacional e contribuindo para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro.
“As cooperativas parceiras são como embaixadoras da nossa marca, ajudando na criação de uma rede que traz consistência às vendas e de um ambiente que deixa claro os retornos do uso da tecnologia”, explica o presidente da divisão de Agricultura da Hexagon, Bernardo de Castro. “É inegável que a maioria dos produtores não possui o mesmo poder aquisitivo de grandes corporações, mas isso não significa que não possam ter acesso a tecnologias para solucionar suas dores — e é essa mensagem que as cooperativas têm buscado espalhar. Hoje, o mercado oferece equipamentos modernos capazes de melhorar a eficiência e reduzir custos e desperdícios em qualquer tipo e tamanho de operação”, complementa.
A divisão oferece capacitação técnica e comercial dos seus produtos, explicando suas características para que cada parceiro conheça as potencialidades da tecnologia e seja capaz de explorar ao máximo suas capacidades junto aos cooperados. “Manter as equipes dos parceiros sempre atualizadas e treinadas sobre o uso e adoção das nossas tecnologias é o nosso foco principal. Desta forma, garantimos que a tecnologia alcance e auxilie o maior número de cooperados”, aponta Bernardo.
Entre as soluções desenvolvidas pela empresa, há ferramentas tecnológicas que atuam desde o planejamento do cultivo até o transporte da colheita, incluindo monitoramento de processos e automação de máquinas. Hoje, os produtos da Hexagon já estão em operação em 36 países pelo mundo.
No Brasil, 84% dos agricultores utilizam, pelo menos, uma tecnologia digital em sua produção. O dado foi publicado em 2020 pela pesquisa “Agricultura digital no Brasil: tendências, desafios e oportunidades”, realizada pela Embrapa, Sebrae e INPE. Neste levantamento também estão registrados os principais motivos que levam agricultores a aderirem soluções tecnológicas. Dentre eles, as três respostas mais recorrentes são: obtenção de informações e planejamento das atividades da propriedade (66%), gestão da propriedade rural (43%), compra e venda de insumos, de produtos e da produção (40%).
Mas, mesmo que a tecnologia digital tenha significativa participação no agronegócio, 47,8% relatam que há problemas ou falta de conexão em áreas rurais, impossibilitando o real funcionamento e eficiência dessas soluções, o que também explica a resistência do setor em utilizar soluções que estão integralmente na nuvem. Olhando para essa especificidade, a APIPASS, uma Plataforma de Integração como Serviço (iPaaS), desenvolveu um serviço que realiza integração entre sistemas, softwares e aplicativos, com opção de implementação em nuvem dedicada da APIPASS, na nuvem que o negócio já utiliza ou em seu data center.
Para Valdemir Silveira, cofundador e CEO da APIPASS, ter a integração de todos os sistemas funcionando localmente atende perfeitamente esse segmento. “No contexto de uma cooperativa, temos um número expressivo de cooperados que dependem dos sistemas legados da associação. Seja ERPs, sistemas de processamento de pedidos, financeiros, etc, há uma gama de softwares que, muitas vezes, não funcionam de forma integrada. Isso ocasiona em lentidão do processamento de informações, problemas de acesso a informações e, consequentemente, dificuldade na tomada de decisão estratégica”, explica.
Atualmente, a APIPASS atende diversos negócios no segmento, dentre eles a Copercampos, cooperativa agrícola fundada em Campos Novos (SC), em 1971. Com 51 anos de trajetória, possui mais de 85 unidades espalhadas em 33 municípios de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Além disso, conta com 1.700 associados e mais de 1.500 funcionários. “No início de 2019 iniciamos um projeto muito interessante com a Copercampos. A cooperativa precisava realizar 29 integrações entre sistemas de vendas, logística, financeiro e ERP, para otimizar o controle de fornecedores, ordens de compras, estoque e centros de custo. Todas as integrações foram efetuadas em dois meses, um tempo 80% mais rápido que a média do mercado”, relembra Silveira.
Cooperativas de crédito rural foram responsáveis por mais de R$ 467 bilhões em transações financeiras desde o início das operações da CashWay, techfin de Florianópolis/SC. O valor corresponde a 90% do total transacionado desde 2019 na plataforma, que oferece serviços em tecnologia para gestão e regulação de instituições financeiras e de pagamento, dentre elas cooperativas de crédito. Com o propósito de democratizar os serviços financeiros, a techfin tem ajudado a levar para o interior do país acesso à tecnologia com benefícios como crédito, conta e transações bancárias aos pequenos e médios produtores rurais.
“Nosso objetivo é que a solução da CashWay possa atender quem se encontra fora do eixo, levando recursos de grandes bancos, mais crédito e uma tecnologia simplificada e ágil a cooperativas de crédito rural, que atendem, na maior parte, pequenos e médios produtores”, explica o CEO da CashWay, Felipe Santiago.
O investimento em tecnologia foi o ponto de partida para a expansão da Crediseara, cooperativa de crédito rural de Santa Catarina. A instituição registrou aumento de 43% no número de associados de 2018 a 2020. À época, eram 3.894 cooperados e hoje são 5.582 agricultores, empresários, assalariados e aposentados que contam com os benefícios da organização. O crescimento impactou também nos valores administrados. Em 2018, a Crediseara fechou o ano com R$ 96.137.700,82 em ativos, que passou para R$ 133.575.261,81 em 2020 – um aumento de 38% em apenas três anos. O impacto nas sobras, valores líquidos divididos com os associados em forma de cota capital, foi ainda maior. O ano de 2020 fechou com R$ 2.505.035,49, 57% a mais que os R$ 1.593.457,86 de 2018.
Segundo o diretor administrativo da Crediseara, Ademilso Auziliero, a expansão da cooperativa até o ano de 2017 era muito contida. Para ele, atualmente, é difícil atingir uma escala de negócios sem tecnologia. “A CashWay nos possibilitou essa expansão por ser um sistema de fácil adaptação e entregar o que propõe: agilidade no operacional e na parte de front. O associado vem na cooperativa quando precisa de atendimento e tem um sistema que traz facilidade para as operações, como análise de crédito, por exemplo”. A solução da CashWay permitiu à Crediseara fomentar as atividades com ofertas de crédito, investimentos, conta corrente, pagamentos de títulos, convênios, recargas de celular, seguros, entre outros.
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