Dados da Associação Brasileira de Startups mostraram que o número de startups saltou de 4,1 mil para 12,7 mil entre 2014 e 2019 – o equivalente a um crescimento de 207%. Hoje, o país já tem mais de 14 mil negócios neste modelo. Além disso, o Marco Legal das Startups e do Empreendedorismo Inovador entrou em vigor em junho deste ano. O projeto visa tornar o processo de abertura menos burocrático, estimulando ainda mais o setor.
Levando em consideração esse segmento que só tende a aumentar, fazer a gestão da startup para garantir o crescimento contínuo e a integração entre as áreas e processos é fundamental. O trabalho pode ser comparado ao tipo de gestão de uma empresa robusta, só que com adaptações mais disruptivas. O processo envolve áreas importantes como operação, setor de pessoas, finanças, marketing e estratégia. Cada uma tem as suas características e, se bem desenvolvidas, trarão maior assertividade.
Cerca de 90% das startups não dão certo por uma falta de gerenciamento adequado. Pensando nisso, especialistas em mercado financeiro elencaram seis dicas para fazer a gestão, melhorar processos e garantir o futuro do negócio.
Use metodologias ágeis
Quando a equipe é pequena e o negócio acabou de ser gerado, agilizar os processos e colocar paixão nas atividades pode ser uma ótima estratégia. No entanto, quando a empresa começa a crescer, é necessário que boas técnicas de gestão de startups sejam colocadas em prática. Isso irá assegurar que a maior parte dos problemas não venha a atrapalhar o desenvolvimento dos planos. Sendo assim, o ideal é começar a pensar em metodologias ágeis.
“A principal ideia dessas metodologias está diretamente ligada com os valores expostos no Manifesto para Desenvolvimento Ágil de Software, incluídos em um conjunto de métodos e práticas”, explica André Wetter, presidente e cofundador da fintech a55. Entre os mais conhecidos na metodologia Scrum estão Pragmatic Programming, Crystal, DSDM e Adaptive Software Development.
Foque nas equipes em squads e tenha uma cultura integrada
Para uma boa gestão é necessário que as divisões de equipes estejam muito bem definidas e os objetivos traçados de maneira clara. Não adianta deixar um único funcionário com diversas funções, pois não haverá a possibilidade de trabalhar de maneira ágil. Uma das formas de evitar isso é montando equipes em squads. “Quando cada um dos squads estiver focado em uma missão específica, independente de ela ser um problema ou o desenvolvimento de um novo sistema, a cooperação será o suficiente para quebrar qualquer barreira. O formato também facilita a compreensão de todos os envolvidos, além de permitir maior integração para o desenvolvimento dos negócios da startup”, explica Wetter.
Some, não substitua
Saul Fine, CEO da Innovative Assessments, sugere que no desenvolvimento de novas tecnologias, as startups busquem oferecer experiências que possam agregar valor aos processos existentes de um negócio, mas sem a necessidade de substituir a forma como eles operam atualmente. Para ele, essa abordagem cria muito menos atrito para o novo produto na organização, uma vez que não exige o cancelamento ou a competição com um processo ou produto já existente. Isso permite uma implementação e testes mais fáceis de sua nova solução e uma taxa geral de adesão mais rápida na organização.
“Um exemplo é que, em nossa fintech, fornecemos dados adicionais que complementam os modelos de risco existentes de um banco, a fim de ajudá-los a aprovar candidatos de empréstimo que, de outra forma, seriam recusados”, explica Fine.
Elabore e teste planos de negócios
Experimentar é o primeiro passo para fazer uma boa gestão em startup: idealizar, projetar e testar as ideias precisam acontecer constantemente. Essas técnicas podem promover melhores resultados no desenvolvimento da empresa, obtendo pontos positivos e aprendendo com os negativos. Ao invés de elaborar um plano de negócios complexo, o responsável pode desenvolver planos pontuais e testá-los aos poucos, medindo a qualidade das ações da empresa
Por ter o objetivo de construção e aprendizado, essa técnica pode ser chamada de “ciclo de feedback”. “Esse processo ajuda o empreendedor a organizar suas ideias, criar experimentos e conseguir feedbacks dos clientes para cada ação, avaliando os resultados positivos para mantê-los e entendendo o que não funcionou bem e como melhorá-lo”, comenta Rodrigo Carneiro, CEO da SMU Investimentos.
Aposte na transparência
Uma das metodologias mais funcionais e eficazes de uma gestão é a Full Transparency. Uma gestão de startups deve buscar prestar esclarecimentos sempre que possível, entregando metas, resultados e decisões a serem tomadas. Além disso, também é importante definir a velocidade e o ponto de partida para gerar maiores resultados.
“A transparência fará com que os colaboradores possam se sentir incluídos no projeto, além de conseguir promover o alinhamento das expectativas e comportamentos. Esta metodologia incentiva cada pequena parte da empresa a se dedicar cada vez mais em busca de resultados, promovendo um aumento na produtividade e na sensação de pertencimento”, acrescenta Wetter.
Análise resultados e tenha consistência
Por fim, é sempre importante analisar os resultados quando falamos da gestão da startup. Dessa maneira, fica mais fácil de entender quais são as vulnerabilidades de um negócio e como ele pode ser moldado ao longo dos dias. Utilizar os usuários do seu produto ou serviço como base e avaliar o desempenho de um determinado serviço ou área da empresa acaba sendo muito relevante para melhorar a aceitação do cliente.
“Se a gestão da startup for consistente, não ficará difícil organizar os colaboradores em prol de um único objetivo: o crescimento e sucesso do negócio, Por isso, é importante avaliar todas as possibilidades e objet feedbacks de quem realmente está interessado na solução que a empresa tem a oferecer”, finaliza Wetter.
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