Após os trágicos acidentes em Mariana e Brumadinho, a necessidade do descomissionamento de barragens em situações de risco se fez premente.
Mas como realizar serviços em situações de risco assegurando a integridade e segurança dos colaboradores? Fruto dessa indagação, foi pensado e desenvolvido a tecnologia de operação remota de equipamentos não tripulados. Diferentemente de veículos ou equipamentos autônomos (que após diretrizes inseridas no sistema trabalham sozinhos) os equipamentos de operação remota são operados por pessoas, mas que estão bem distantes dos mesmos e em um ambiente de completa segurança.
A Construtora Aterpa, empresa mineira com mais de 70 anos de atuação, em uma parceria com a Mason Equipment e a Komatsu (segunda maior fabricante de equipamentos pesados do mundo) iniciou o desenvolvimento dessa tecnologia para utilização nos seus equipamentos.
Tendo obtido certificações de segurança dos órgãos certificadores da Europa, o grupo conseguiu obter sucesso no desenvolvimento de uma tecnologia de operação remota com uma interface extremamente amigável e redundâncias em dispositivos de segurança nos equipamentos.
Como interface homem-máquina, a cabine de controle conta com várias telas, que mostram a visão 360 graus da máquina dispostas da forma como o operador achar mais funcional. Da mesma forma, o cockpit conta com os joysticks e controles exatamente iguais aos da cabine da máquina, para que o operador se sinta o mais familiarizado possível. Ainda merecem destaques as caixas de som com feedback sonoro em real time (constatamos que a percepção auditiva é fundamental para a obtenção de bons níveis de produtividade), bem como o feedback de inclinação do assento em que o operador se encontra. Com a instalação de sensores de inclinação instalados na máquina, o assento replica os movimentos que a máquina faz, tornando a percepção da realização do serviço a mais real possível.
Como diferenciais, o sistema ainda conta com câmeras de resposta instaladas no equipamento. Se a câmera identifica um cenário ou um objeto, através de programação prévia, a máquina realiza um comando automaticamente (por exemplo, se a câmera identifica a proximidade de um barranco a menos de 1 metro, podemos programar a máquina para desligar automaticamente, prevenindo a ocorrência de acidentes).
Os equipamentos ainda são embarcados com sistemas de leitura 3D, onde dados topográficos podem ser lançados no sistema da máquina de forma a permitir que os cortes exatamente nas medidas corretas.
Com vasta experiência em obras de barragens e de infraestrutura pesada em geral, a Construtora Aterpa já vem utilizando esses equipamentos em serviços de descaracterização de barragens desde o início de 2022 e os dados obtidos até agora demonstram sucesso total do projeto. Com a obtenção de níveis de produtividade muito próximos aos obtidos por equipamentos tripulados, o sistema se mostrou estável e seguro, sem apresentar nenhuma interrupção de sinal, mesmo em condições climáticas muito desfavoráveis.
O sistema de comunicação entre cabine remota e equipamento é outro ponto de extrema importância (por motivos óbvios) e demanda um verdadeiro projeto de Telecom customizado para o local onde se dará o serviço, podendo se utilizar desde um simples sistema de torres de rádio até uma sofisticada rede de fibra óticas, que permita controla os equipamentos a vários quilômetros de distância.
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