Um dos passos mais importantes no percurso de uma startup é o momento de atrair investidores. Sendo empresas de pequeno porte, é comum que só consigam realmente tracionar o modelo de negócio a partir de um investimento . Mas como consegui-lo?
Mesmo quando os negócios vão bem, é preciso mais do que alguns bons resultados para conquistar a confiança dos investidores. Eles precisam ser convencidos de que aquela startup vale o risco, acima de tantas outras que também estão em busca de capital. É preciso provar que aquela empresa é escalável, ou seja, que há uma forte demanda por aquela solução; que a equipe está pronta para o desafio, que os números e projeções são realistas. Enfim, uma série de fatores é levada em consideração pelos investidores.
No Brasil, temos alguns exemplos de sucesso na busca por investimento. É o caso de João Cristofolini, co-fundador e gestor da Pegaki, empresa de logística que teve um early exit (venda realizada em até cinco anos desde a fundação). A Pegaki foi adquirida pela Intelipost, maior plataforma nacional de gestão de fretes, no final de 2020, mas recebeu alguns aportes ao longo dos anos até o evento de aquisição.
Segundo João, os investimentos foram fundamentais para o crescimento da empresa. “Toda startup encontrará um limite em algum momento, um impedimento financeiro para escalar. O objetivo é mostrar aos investidores que esse é o maior obstáculo: você tem o serviço, tem o modelo certo e a equipe certa. Só falta o caixa”, afirma.
O empresário ressalta que a atração desses investidores está relacionada a alguns requisitos básicos. “Ninguém vai investir em uma empresa bagunçada, sem um plano de crescimento bem estabelecido, ou que não demonstre nenhum tipo de vantagem competitiva no mercado em que atua. São muitos pontos que precisam ser bem visíveis”, conta.
Nesse sentido, Cristofolini listou cinco dicas para startups que buscam atrair bons investidores.
- Defina o modelo de captação
Há diferentes maneiras de obter recursos. As principais são:
- Capital semente, no qual o investidor fornece apenas o necessário para os primeiros passos da empresa. Aceleradoras e Incubadoras se enquadram nessa categoria
- Investidor-anjo, geralmente um profissional experiente que, além do aporte financeiro, também costuma oferecer aconselhamento
- Venture capital, onde é oferecida participação societária em troca do investimento. Tradicionalmente, se interessam por startups em estágio mais avançado
- Equity crowdfunding, um tipo de financiamento coletivo com diversos investidores, em que também há o retorno em participação societária para os investidores
A definição do modelo é fundamental para iniciar a busca.
Se a startup preferir um investidor-anjo, por exemplo, é possível que o encontre através de networking. Já no caso do crowdfunding, existem plataformas próprias para conectar empreendedores e investidores. Portanto, essa escolha define boa parte do processo, porque ela define tempo de captação, valores e agilidade no processo.
“A Pegaki captou pela EqSeed, atualmente a maior plataforma de equity crowdfunding do Brasil. Entre outras vantagens, vale destacar um contrato que harmoniza o interesse da startup e do investidor e a velocidade no tempo de captação. É bem prático e seguro”, avalia João.
- Planeje com cuidado e coerência
O plano de negócios estabelece, em grande parte, a confiança do investidor no futuro da startup. Os dados devem ser bem claros e transparentes, e o crescimento potencial deve ser realista. O retorno só pode ser projetado a partir daí. “Não adianta exagerar demais nas informações. Os investidores já viram inúmeros planos de negócios e sabem identificar exageros. A transparência é a melhor ferramenta”, completa.
- Estabeleça o valor adequado
É muito comum encontrar startups que inflam o valuation (valor de mercado) da empresa e logo são rechaçadas pelos investidores. O oposto também acontece: investidores que tentam jogar para baixo o valor da startup para comprarem a maior fatia pelo menor preço. Nenhuma das práticas é a mais saudável.
O cenário ideal é quando a startup estabelece seu valor de mercado baseada em indicadores concretos, capazes de sobreviver aos questionamentos dos investidores. A partir daí, o aporte necessário para cada startup varia bastante. O fundamental é que ele esteja alicerçado em números e fatos realistas.
- Desenvolva sua equipe
Os profissionais que compõem a equipe de uma startup são os maiores responsáveis pelo seu sucesso. Dos cargos mais altos até os de menor experiência, todos precisam se mostrar empenhados, dedicados à área de atuação da empresa e dispostos a aprender. Mesmo as melhores ideias não resistem a uma cultura organizacional fraca e a uma equipe desmotivada.
- Capriche na apresentação
Todos esses pontos precisam chegar ao investidor da forma mais esclarecedora possível. Cada tópico entra no pitch, a apresentação em que a startup consegue ou não a atenção dos investidores. Ela pode ser feita apenas verbalmente ou com apoio de slides, como é mais comum. O mesmo vale para a demonstração do modelo de negócios.
É recomendável também oferecer um pitch deck , com um resumo de tudo que for tratado no pitch, para servir de material complementar e de rápida consulta. De qualquer maneira, é importante sempre prezar pela concisão em todas as etapas da apresentação.
João encerra lembrando que essas dicas valem para qualquer tipo de investidor, mesmo que cada tipo seja encontrado em locais diferentes. “É uma prospecção. Você pode encontrar os investidores certos para sua startup via LinkedIn, por exemplo, ou via plataformas de investimento, eventos de negócios, programas de incubação, entre outros. Encontrá-los é o primeiro passo, mas seguir essas dicas é o que vai fazer a diferença quando eles estiverem ouvindo o que você tem a dizer”, finaliza.
Sobre a Pegaki
Criada em 2016, a Pegaki surgiu para resolver problemas de insucesso de entregas do e-commerce. Atualmente, a Pegaki está presente em 1.500 pontos em todos os estados do Brasil. O plano é chegar a 20 mil pontos nos próximos três anos, agregando tecnologia e inteligência ao desenvolvimento de iniciativas de omnichannel. Para mais informações acesse www.pegaki.com.br.
Por João Cristofolini, sócio fundador da startup de logística Pegaki
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