Rede de pesquisa e inovação para a indústria contribui com PIB do país

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Tempo de Inovacao
Tempo de Inovacao
indústria Crédito da foto: Gabriel Pinheiro/SENAI

Criada para realizar pesquisa aplicada para a indústria, a rede de inovação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) contribuiu com 0,66% médio anual no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Em oito anos, de 2012 a 2019, os 26 institutos de inovação foram responsáveis por uma adição de cerca de R$ 1 mil no PIB per capita das localizações geográficas onde sua operação foi alcançada – O PIB per capita médio no período analisado foi de R$ 52 mil.

A conclusão é da Universidade de Lund, da Suécia, em parceria com dois institutos Fraunhofer (IPK e ISI), que é a maior organização de pesquisa aplicada da Europa, sediada na Alemanha. O estudo comprova o retorno econômico do investimento em inovação no Brasil.

A rede SENAI de Institutos foi constituída em 2012, por iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) a partir de proposta do Movimento Empresarial pela Inovação (MEI), que viu a necessidade de uma rede nacional capaz de transformar pesquisa científica em inovação e maior produtividade para o setor industrial. 

Nos oito primeiros anos de funcionamento, período analisado pelos pesquisadores, a rede recebeu R$ 1,1 bilhão em investimentos do Sistema Indústria, sendo parte oriundo de empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“O estudo aponta que o SENAI conseguiu criar uma estrutura relevante e operacional para a indústria inovar. A rede foi criada a partir de uma demanda real do nosso setor. O SENAI não só atendeu à demanda como se tornou um parceiro estratégico das empresas e esse é o papel do Sistema Indústria”, destaca o presidente da CNI, Ricardo Alban.

Investimentos e soluções inovadoras 

Os projetos são desenvolvidos pelos institutos a partir de uma necessidade específica da indústria. Entre as soluções inovadoras já entregues estão um veículo autônomo submarino para inspeções visuais em 3D em águas profundas para a produção de petróleo e gás, biocombustível de algas de usinas hidrelétricas, processos de produção de combustível sustentável de aviação (SAF), além da participação no desenvolvimento do primeiro nanossatélite da indústria nacional.

“A rede criou uma estrutura inédita, de pesquisa aplicada para a indústria, o que é fundamental para o desenvolvimento de inovação e para que ela chegue ao mercado. Até então, poucas instituições não universitárias faziam pesquisa e desenvolvimento para o setor produtivo. O que o estudo nos mostra é que o investimento em inovação tem retornos evidentes não só para as empresas, mas para a economia como um todo”, explica o diretor geral do SENAI, Gustavo Leal. 

Estudo científico comparou regiões 

Para chegar ao percentual de 0,66% de contribuição no PIB, os pesquisadores compararam o crescimento do PIB de regiões com institutos ou nas regiões imediatas de suas empresas clientes com regiões similares sem qualquer envolvimento dos institutos, abordagem metodológica chamada de diferença nas diferenças – ou difference-in-differences (DiD). 

Para isso, usaram duas fontes primárias de dados:  

  • Estatísticas macroeconômicas regionais: incluindo PIB por microrregião e dados populacionais, do IBGE; 
  • Dados administrativos do SENAI: dados dos institutos, projetos, categorias e localização dos clientes. 

Como a pandemia teve um impacto considerável no PIB e nos investimentos privados em P&D, os pesquisadores delimitaram o período de análise até 2019 – ano em que 26 dos 28 institutos já estavam em operação.

O estudo científico da Universidade de Lund com o Fraunhofer teve revisão de pares, foi apresentado no congresso European Forum for Studies of Policies for Research and Innovation (EU-SPRI 2025) e aceito para publicação na revista Socio-Economic Planning Sciences Journal, de elevada reputação acadêmica.

Impacto da rede

Para analisar o impacto econômico da rede SENAI de inovação, a Universidade de Lund, os institutos Fraunhofer IPK e Fraunhofer ISI consideraram o período de operação dos institutos, ou seja, a partir da data em que a unidade já tinha contratos de P&D assinados, com projetos em curso e entregas às empresas contratantes.  

·        Os institutos contribuíram para um acréscimo de R$ 985 a R$ 1.210 no PIB per capita anual desse período (média de R$ 52 mil) – o valor depende se analisada a região do instituto ou da empresa cliente; 

·        A rede de inovação do SENAI é responsável por uma contribuição anual média de 0,66% no PIB brasileiro entre 2012 e 2019; 

·        A inovação como motor: os efeitos econômicos mais expressivos vêm quase exclusivamente das atividades de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P,D&I), e menos de serviços técnicos como metrologia ou consultoria técnica. 

Confira o ano de início das operações de cada instituto 

2012  

Instituto SENAI de Inovação em Automação da Produção (BA) 

Instituto SENAI de Inovação em Engenharia de Superfícies (MG) 

Instituto SENAI de Inovação em Engenharia de Polímeros (RS) 

2013  

Instituto SENAI de Inovação em Metalurgia e Ligas Especiais (MG) 

Instituto SENAI de Inovação em Eletroquímica (PR) 

Instituto SENAI de Inovação em Sistemas de Sensoriamento (RS) 

Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados (SC) 

2014 

Instituto SENAI de Inovação em Microeletrônica (AM) 

Instituto SENAI de Inovação em Conformação e União de Materiais (BA) 

Instituto SENAI de Inovação em Logística (BA) 

Instituto SENAI de Inovação em Processamento Mineral (MG) 

Instituto SENAI de Inovação em Biomassa (MS) 

Instituto SENAI de Inovação em Tecnologias Minerais (PA) 

Instituto SENAI de Inovação em Tecnologias da Informação e Comunicação (PE) 

Instituto SENAI de Inovação em Processamento a Laser (SC) 

Instituto SENAI de Inovação em Sistemas de Manufatura (SC) 

2015 

Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras (RJ) 

Instituto SENAI de Inovação em Manufatura Avançada (SP) 

Instituto SENAI de Inovação em Materiais Avançados e Nanocompósitos (SP) 

2016 

Instituto SENAI de Inovação em Química Verde (RJ) 

Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Virtuais de Produção (RJ)

2017 

Instituto SENAI de Inovação em Engenharia de Estruturas (PR) 

Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (RN) 

2018 

Instituto SENAI de Inovação em Biotecnologia (SP) 

2019 

Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Avançados de Saúde (BA) 

Instituto SENAI de Inovação em Inspeção e Integridade (RJ) 

Pós-período analisado pelo artigo 

2022 – Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Elétricos de Potência (SP) 

Inauguração prevista para 2026 – Instituto SENAI de Inovação em Biodiversidade e Economia Circular (DF) 

Evolução da rede 

Depois de 2020, mais um instituto entrou em operação. Hoje, são 27 unidades com contratos de P&D assinados e uma em construção. Eles estão distribuídos por 13 Unidades da Federação (UFs), com alguns estados com mais de uma unidade.

O diretor-geral do SENAI, Gustavo Leal, explica que a localização dos institutos seguiu dois critérios: capacidades técnicas pré-existentes e descentralização geográfica. Inicialmente, o critério foi a capacidade técnica das unidades SENAI: unidades de alta performance, com prévia experiência com serviços tecnológicos, dispostas a implementar P&D, onde as competências já desenvolvidas na área de educação profissional convergiam com tecnologias prioritárias. Em um segundo momento, estabeleceu-se o critério de desenvolvimento regional, contemplando estados como Amazonas, Pará e Mato Grosso do Sul. 

“Os institutos SENAI são um caso exemplar para mensuração dos efeitos econômicos da pesquisa científica em razão de sua configuração única, o que minimiza diferenças regionais pré-existentes, garantindo resultados confiáveis. Adicionalmente, o foco dos institutos em pesquisa aplicada e colaboração com a indústria liga diretamente os efeitos econômicos com avanços científicos”, afirmam os pesquisadores Torben Schubert, Denilton Darold e Markus Will no artigo. 

Números atuais da rede SENAI de inovação 

> 28 Institutos de Inovação, sendo 27 em operação e 1 em construção; 

> Até meados de 2025, a rede desenvolveu cerca de 3.350 projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), com valor total de R$ 3,15 bilhões; 

> Mais de 50% dos projetos de PD&I são com pequenas e médias empresas (PMEs); 

> Os institutos têm aproximadamente 1.670 pesquisadores, sendo 49% mestres e doutores. 

Dos projetos mais recentes em desenvolvimento, o SENAI destaca a primeira bateria nacional de íon-lítio para eletrificação de veículos; e a implementação do ciclo completo de produção nacional de ímãs de terras raras – da extração e refino dos elementos até a produção final e reciclagem dos ímãs.