Pesquisadores utilizam o poder do cérebro por trás da fala para ajudar a detectar doenças neurodegenerativas

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Tempo de Inovacao
Tempo de Inovacao
neurodegenerativas

Há muita atividade cerebral envolvida na fala. Primeiro, há um pensamento ou ideia que o cérebro deve traduzir em palavras. Posteriormente, essas palavras são transformadas em movimentos específicos dos pulmões, da língua e da boca para moldar os sons. Esses movimentos, portanto, devem ser perfeitamente executados e sincronizados com a respiração. Se houver danos ao cérebro causados por um acidente vascular cerebral (AVC) ou por alguma doença cerebral, o tempo dos movimentos ou da tradução podem chegar a falhar.

Por conta disso, as alterações na voz e na fala podem fornecer as primeiras pistas para uma doença neurodegenerativa. Amostras de voz coletadas para a pesquisa poderão ajudar a diagnosticar doenças neurogenerativas precocemente, explica o Dr. Hugo Botha, Bacharel em Medicina e Cirurgianeurologista comportamental e diretor associado do Programa de Inteligência Artificial de Neurologia da Mayo Clinic em Rochester, Minnesota.

“Existem algumas doenças em que a primeira manifestação está na voz ou na fala da pessoa”, explica o Dr. Botha. Isso inclui a doença de Parkinson; o parkinsonismo atípico, como a atrofia de múltiplos sistemas, a paralisia supranuclear progressiva e a síndrome corticobasal; a esclerose lateral amiotrófica (ELA); a miastenia grave; e alguns tipos de demência frontotemporal que podem resultar em afasia.

Como parte da prática clínica, os pacientes de neurologia da Mayo Clinic frequentemente são gravados quando têm a voz ou a fala examinadas, permitindo que os médicos acompanhem a evolução da doença ao longo do tempo.

“Além disso, em paralelo à prática clínica, temos um grande programa de pesquisa na Mayo, onde estamos coletando amostras de voz e fala utilizando um aplicativo que funciona tanto no celular quanto no computador portátil da pessoa”, explica o Dr. Botha.

Para coletar as amostras de voz, os pacientes são instruídos a realizar uma série de exames remotamente.

Eles podem fazer isso — digamos, a cada duas semanas, a cada dois meses — para que possamos, de fato, obter uma visão longitudinal de suas doenças, ao invés de apenas uma imagem pontual”, diz o Dr. Botha.

A criação desse grande e crescente banco de dados de fala, que armazena com segurança todas as amostras de fala e voz, pode ser utilizado para pesquisas, incluindo o uso para treinar algoritmos de inteligência artificial (IA).

“Há alguns sinais na voz e na fala de alguém que um computador ou um algoritmo pode captar, mas que um ouvinte humano não perceberia. E é aqui que entra a pesquisa, o lado da IA, onde estamos tentando utilizar centenas de gravações e pacientes com diversos tipos de doença para descobrir se o computador consegue distinguir essas doenças, ainda que os ouvintes humanos talvez não consigam”, explica o Dr. Botha.