Mais de 60% dos profissionais de recursos humanos (RH) já tomam decisões baseadas em dados, conforme pesquisa realizada pelo Infojobs em maio deste ano, abandonando práticas baseadas apenas em intuição e experiência. O movimento marca uma mudança no perfil exigido desses profissionais, que agora precisam dominar ferramentas analíticas e interpretação de métricas para se manterem competitivos no mercado.
O estudo, conduzido em maio com 520 profissionais de RH, aponta que 95,5% dos entrevistados consideram essencial ou muito relevante o uso de informações estruturadas para melhorar processos e construir experiências. Dados do LinkedIn corroboram essa tendência: levantamento com mais de 7 mil profissionais em 35 países indica que 73% das empresas pretendem priorizar soluções de análise comportamental e de movimentação de funcionários nos próximos cinco anos.
A mudança exige nova formação profissional. Para especialistas, os cursos de Recursos Humanos precisam incorporar disciplinas voltadas para análise de dados e tecnologia. A CEO do Infojobs, Ana Paula Prado, destaca dois pilares fundamentais dessa transformação. “O primeiro é a utilização de tecnologia para otimizar as atividades, e o segundo são as decisões com base nos principais desempenhos do setor. O que não é medido, não pode ser melhorado.”
Tecnologia já faz parte da rotina em quase metade das empresas
Segundo o Infojobs, 48,1% das organizações brasileiras já utilizam ferramentas tecnológicas para analisar indicadores de RH. Entre as métricas mais monitoradas estão a aderência das contratações (27,8%), taxa de turnover (15,2%) e o cumprimento de prazos para preenchimento de vagas (13,6%).
Nesse cenário, a capacitação específica em curso de People Analytics é considerada fundamental para profissionais que desejam liderar essa transformação. O especialista em análise de dados, Anderson Paulucci, explica em entrevista à imprensa que “o People Analytics é uma técnica para obter informações valiosas sobre as pessoas. Isso ajuda os negócios a tomarem decisões de forma mais rápida, precisa e coerente”.
Os resultados práticos já aparecem nas empresas que adotaram a análise de dados. De acordo com informações divulgadas pela Sólides no site da revista HSM, a implementação de People Analytics pode reduzir a rotatividade em até 50%. A relevância do número fica evidente na comparação com outro indicador da Page Personnell: nove em cada dez profissionais contratados pela competência técnica acabam sendo desligados por questões comportamentais.
A formação em curso de Tech Recruiter é outra resposta à necessidade de profissionais capazes de avaliar tanto competências técnicas, quanto comportamentais através de dados. Portais especializados, como Scaffold Education e TwoRH, destacam que a análise preditiva permite antecipar problemas como aumento de absenteísmo ou queda de produtividade, possibilitando intervenções preventivas antes que medidas drásticas sejam necessárias.
Barreiras culturais e técnicas ainda desafiam o setor
A pesquisa identificou que a falta de especialistas qualificados (25,5%) e a escassez de informações sobre o tema (25,5%) representam as principais dificuldades para implementar análises baseadas em dados. Outros 31,6% dos profissionais relatam problemas com informações descentralizadas, enquanto 23,7% alegam falta de tempo devido ao acúmulo de outras atividades.
A realidade é que 54,4% das empresas ainda dependem de planilhas manuais para processar informações, segundo o mesmo estudo. Essa dependência de métodos tradicionais pode limitar a capacidade analítica e aumentar a possibilidade de erros, comprometendo a tomada de decisões estratégicas.
Transformação vai além da tecnologia
O acesso a dados em tempo real tem potencial para revolucionar a velocidade das decisões. Um aumento repentino no absenteísmo de uma equipe, por exemplo, pode ser detectado imediatamente, permitindo investigação das causas e implementação de ações corretivas antes que o problema se agrave.
Os benefícios se estendem ao planejamento estratégico de longo prazo. Entre as vantagens estão economia de recursos, melhoria no recrutamento, aumento do engajamento e desenvolvimento mais eficaz de lideranças. Para alcançar esses resultados, no entanto, as organizações precisam estabelecer objetivos claros, centralizar informações e investir na capacitação contínua de suas equipes.
A revista HSM categoriza quatro tipos de análises possíveis com People Analytics: descritiva (o que aconteceu), diagnóstica (por que aconteceu), preditiva (o que pode acontecer) e prescritiva (consequências de determinadas decisões). Cada modalidade apresenta diferentes necessidades organizacionais, desde a avaliação de desempenho até o planejamento de sucessão.
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