No final de julho, o governo apresentou o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), chamado “IA para o Bem de Todos”, que visa desenvolver modelos avançados de IA em português, adaptados às características culturais e sociais do Brasil. Com foco em promover a soberania tecnológica do país, o plano inclui a criação de uma grande infraestrutura tecnológica, com a aquisição de um dos supercomputadores mais potentes do mundo, alimentado por energias renováveis. O PBIA também destaca a capacitação de profissionais, além de criar novas oportunidades de emprego e integrar soluções tecnológicas aos serviços públicos.
Com um investimento total de R$ 23 bilhões entre 2024 e 2028, o PBIA destina 60% dos recursos ao desenvolvimento da iniciativa privada. “Para além do avanço tecnológico, o plano é uma inovação transversal, que pode transformar tanto o setor público quanto o privado. Esse é um momento de virada de chave para o segmento de startups de IA, com um investimento de R$ 400 milhões especificamente para o setor”, afirma Paulo Machado, diretor executivo da startup brasileira Mapzer.
O plano propõe ações estratégicas em áreas como saúde, indústria, agronegócio e meio ambiente, priorizando também a segurança cibernética. Além disso, o PBIA considera a IA essencial no enfrentamento ao desmatamento e ao aquecimento global, aplicando tecnologia para medição de emissões de carbono e monitoramento ambiental. No quesito inovação empresarial, o plano incentiva o desenvolvimento de soluções de IA para enfrentar os desafios da indústria brasileira, focando em aumentar a competitividade e a produtividade. Em relação aos serviços públicos, o papel da IA será otimizar a eficiência para melhorar a satisfação dos cidadãos.
Nesse cenário, a gestão urbana e a manutenção das cidades têm muito a se beneficiar da inteligência artificial. A Mapzer, por exemplo, é uma startup que usa IA 100% nacional para transformar municípios em cidades inteligentes. A tecnologia que já roda em diversos municípios, nos últimos meses tem contribuído também para a reestruturação do Rio Grande do Sul após as inundações em parceria com as prefeituras. “É um exemplo de como a inteligência artificial pode ser útil nas mudanças climáticas que temos sentido. Tanto na capital quanto em Lajeado e São Leopoldo, identificamos mais de 144 mil problemas para resolução mais eficiente da gestão pública”, diz Machado. A empresa faz o mapeamento de espaços urbanos por meio de um carro equipado com câmeras de alta resolução e sensores especiais, identificando em tempo real problemas como buracos, falta de sinalização, lixo e entulho. Os dados são então integrados em um software de gestão urbana.
“Para a Mapzer, o investimento do PBIA é muito estratégico, porque a ferramenta que oferecemos simplifica a análise das necessidades de manutenção das cidades pelos gestores públicos, o que melhora diretamente a qualidade de vida da população, sem falar que torna as cidades mais competitivas, atraindo investidores tanto nacionais quanto internacionais. A Mapzer nasceu justamente do incômodo com esses problemas estruturais, e nosso objetivo sempre foi antecipar essas demandas urbanas e proporcionar decisões mais ágeis”, indica o diretor.
Em constante evolução, a IA generativa do veículo já identifica mais de trinta tipos de ocorrências, garantindo a cobertura de 100% das ruas, gerando um diagnóstico completo da cidade, além da previsão de áreas de risco, como deslizamentos, inventário da iluminação noturna entre outras ocorrências. “É importante também complementar que a PBIA também deve impulsionar milhares de profissionais a buscarem qualificações que permitam aplicar a IA em suas rotinas, independente do segmento”, finaliza Paulo Machado.
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